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O Instituto dos Contadores do Brasil (ICBR) realizou o curso “IFRS S1 e S2: Desvendando os Conceitos de Materialidade”, reunindo especialistas de destaque para debater um dos temas mais desafiadores e atuais no campo da contabilidade e da sustentabilidade: a materialidade. O evento, que atraiu mais de 600 inscritos, teve como objetivo esclarecer os diferentes conceitos de materialidade e sua aplicação na elaboração de relatórios financeiros relacionados à sustentabilidade, conforme as recentes normas brasileiras CBPS 01 e CBPS 02 (equivalentes às IFRS S1 e S2).
Convergência
de Saberes: Sustentabilidade e Contabilidade
Com
mediação da professora Solange Garcia (FEA-USP Ribeirão Preto e conselheira do
ICBR), o curso contou com participações de nomes como Gláucia Terreo
(especialista em ESG), Laís Manfiolli Figueira (doutoranda em Controladoria e
Contabilidade pela FEA-USP), Giovani Polli (especialista em regulamentação ESG
na EY Luxemburgo) e Denys Roman (consultor em sustentabilidade e relações com
investidores).
A discussão trouxe uma visão ampla e
multidisciplinar sobre os diferentes significados e aplicações do conceito de
materialidade, que hoje ultrapassa as fronteiras da
contabilidade tradicional e se torna ferramenta essencial de gestão
estratégica e comunicação de impactos socioambientais.
O
Que é Materialidade?
A
professora Solange Garcia destacou que materialidade no contexto
contábil é entendida como critério para seleção de informações relevantes para decisão
dos investidores, mas se desdobra em diferentes vertentes em outras formas de
divulgação. Na divulgação voluntária, como nos relatórios GRI, ela se
refere aos impactos da empresa sobre o meio ambiente e a sociedade, definidos por
múltiplos stakeholders. Já nas normas europeias de sustentabilidade, adota-se o
conceito de dupla materialidade, que considera tanto os impactos da
empresa no mundo quanto os efeitos financeiros desses impactos sobre o negócio.
Com
a adoção das normas CBPS 01 e 02 no Brasil, a materialidade passa a ser
exigida em relatórios de informações financeiras relacionadas à
sustentabilidade, exigindo julgamento contábil sobre riscos e oportunidades que
afetam decisões de investidores — uma abordagem que aproxima ESG da lógica
contábil tradicional.
Um
Tema, Múltiplas Perspectivas
Para
Gláucia Terreo, o ponto alto do evento foi justamente a pluralidade de
perspectivas. “A materialidade não é apenas sobre o que vamos reportar. Ela é,
antes de tudo, uma ferramenta de gestão que deve orientar decisões
estratégicas, alocação de recursos e gestão de riscos”, destacou.
Giovani
Polli, que fez sua estreia em eventos no Brasil, reforçou o
potencial estratégico da materialidade: “Ela ainda é muito vista apenas sob o
prisma do compliance. Mas se for incorporada à análise financeira e à
estratégia, pode reduzir riscos e impulsionar inovação.”
Laís
Manfiolli Figueira contextualizou a evolução histórica do
conceito, lembrando que ele surgiu com uma visão quantitativa e financeira nas
décadas de 1950 e 1960, mas ganhou complexidade nas últimas décadas. “Hoje ele
assume roupagens diferentes conforme o contexto — seja na contabilidade, nos
relatórios GRI ou nas exigências regulatórias internacionais. Por isso, é
preciso constante atualização.”
Denys
Roman destacou a necessidade de equilibrar dimensões
qualitativas e quantitativas na análise da materialidade, algo essencial
para atender aos critérios exigidos pelas normas IFRS S1 e S2. “No Brasil, já
há uma prática de dupla materialidade, mas ainda falta profundidade nos
aspectos financeiros. O evento mostrou claramente que temos muito a avançar
nesse sentido.”
Integração
é Palavra-Chave
O
evento evidenciou que o sucesso da nova geração de relatórios depende da integração
entre contadores e especialistas em sustentabilidade. “É preciso que os
contadores entendam os impactos socioambientais e que os profissionais de ESG
compreendam o raciocínio contábil. Essa colaboração é essencial para relatórios
robustos, coerentes e úteis aos investidores”, concluiu Solange Garcia.
Impacto
e Engajamento
O
evento superou expectativas com mais de 600 participantes inscritos, uma
intensa interação nas redes sociais e dezenas de questionamentos ao vivo —
reflexo da complexidade do tema e da urgência de capacitação sobre as novas
exigências da Resolução CVM 193, que obriga companhias abertas a
divulgarem relatórios de sustentabilidade com base nas normas CBPS 01 e 02 a
partir de 2026.
O
curso promovido pelo ICBR reafirma o papel da instituição como ponto de
convergência entre conhecimento técnico, atualização profissional e
transformação prática. Ao abordar a materialidade com profundidade e
pluralidade, o evento contribuiu para preparar o mercado contábil e de
sustentabilidade para os desafios e oportunidades da nova era da transparência
corporativa.