O Instituto dos Contadores do Brasil (ICBR) apoiou a realização, pela Uninove (Universidade Nove de Julho), da live “ESG: Contabilidade e suas múltiplas interações”, dirigida à comunidade acadêmica da instituição de ensino. Devido a grande relevância do tema e as oportunidades que o assunto traz aos profissionais da contabilidade e de muitas áreas, o evento despertou muito interesse e audiências nas redes sociais. Clique aqui e assista a íntegra da live.

André Luis de Moura Pires, presidente da Diretoria Executiva do ICBR, a doutora Solange Garcia dos Reis, Conselheira de Administração do ICBR e professora da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, e a doutora Mariana Amaral Fregonesi, também professora da USP Ribeirão Preto, mediados por Viviane Delgado, Coordenadora do Priuni na Uninove, falaram sobre o tema.

Os debatedores destacaram a necessidade de divulgação das práticas de ESG (Environment Social Governance), promovidas pelas mais diversas áreas das organizações, relevam um grande potencial para promover interações entre a contabilidade e as outras áreas de conhecimento, impactando o dia-a-dia dos profissionais de forma em geral

Mariana Fregonesi destacou que ESG é denominação relativamente nova, dada para assuntos e discussões já bem mais antigo, que englobam Responsabilidade Social Corporativa, Desenvolvimento Sustentável e Governança Corporativa.  Além disso, a professora lembrou, que o Relatório Brundtland (Nosso futuro comum), divulgado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e  Desenvolvimento das Nações Unidas (1988), trouxe a expressão "desenvolvimento sustentável", definido como: “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades”.

Em outra passagem a professora defendeu a necessidade da padronização dos reportes sobre ESG, pensando na utilidade e relevância que maior comparabilidade entre as informações das mais variadas empresas pode trazer aos usuários Internos (tomadores de decisões) e usuários externos (bancos, governo, credores, sociedade em geral).

Mariana também lembrou que há diferença entre as divulgações compulsórias e as voluntárias, sendo que as primeiras visam a redução da assimetria de informação, enquanto que no segundo caso a entidade, em geral, evidencia o que lhe é favorável. “A entidade antecipa boas notícias e posterga más notícias. [por isso o reporte do ESG] Se torna uma peça de comunicação da empresa, com a preocupação em “vender” a empresa para investidores”, ressaltou.

Por fim, Mariana disse que diversas entidades ao redor do mundo vêm se dedicando a estudar e criar padrões de divulgação, como é o caso da Global Reporting Initiative (GRI), Global Reporting Initiative (GRI), Pacto Global e International Sustainability Standards Board (ISSB). O Brasil, tem seguido a mesma linha, por isso em 2022 houve a criação do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos em Sustentabilidade (CBPS).

 

Estratégias das Empresas

A Dra. Solange Garcia ressaltou que as organizações precisam de sistemas de controle gerencial alinhados com suas estratégias financeiras e não financeiras, de forma integrada, para poder gerir e reportar suas práticas ESG. Lembrou que a contabilidade provê modelos, métodos, metodologias e ferramentas para apoiar o processo de gestão das organizações.

A Conselheira do ICBR citou Nancy Kamp-Roelands, professora da Universidade de Gronigen, para dizer que “as empresas não podem reportar se não houver estratégia, objetivos, incorporação na gestão, ou se ela não for controlada por meio de indicadores relevantes. Vejo em estudos que as empresas estão adotando [o ESG], mas que ainda há muito a ser feito. Comece na hora, para que a incorporação da sustentabilidade em sua organização venha de sua própria visão. Isso leva tempo.”

Solange Garcia ressaltou as três vertentes da sustentabilidade: Econômica, que fornece renda e recursos financeiros; Ambiental, que fornece um ecossistema estável que suporta e protege a vida, incluindo provisões de alimento e água; e, Social, que fornece bom funcionamento da sociedade que protege e melhora a qualidade de vida e garantia dos direitos humanos. A professora disse mais, que é fundamental considerar a interconectividade das decisões organizacionais nas três esferas da sustentabilidade.

Para ela, é importante que as organizações entendam como responder a questões que afetarão sua continuidade e sucesso no longo prazo, sua viabilidade e do seu ambiente de suporte. “As organizações precisam salvar a si próprias... SOBREVIVER, CONTINUAR E SEREM VIÁVEIS, no ambiente em que estão. HÁ ainda habilidades que precisam ser desenvolvidas e o pensamento sistêmico ajudará MUITO”, finalizou.

 

O porquê de o ICBR estar se dedicando ao estudo do ESG

André ressaltou que o ICBR é um fórum de discussão de assuntos que permeiam profissão, não somente do ponto vista contador, mas também de outras disciplinas correlatas, como o Direito, Administração e do interesse do mundo empresarial em geral.

A entidade, que já tem cerca de 3 mil associados, promove discussões com o contador na ponta e com a academia, que traz soluções para o dia a dia da contabilidade.

Ressaltou o presidente que o ICBR tem gerado diversas iniciativas com foco no estudo do ESG e que isso é possível porque o Instituto conta hoje com alguns dos maiores expoentes no assunto, como é o caso da própria professora Solange Gracia e do professor doutor José Roberto Kassai, também conselheiro da Entidade.

Finalizou o presidente dizendo que o Instituto permite a associação de contadores, técnicos, bacharéis e estudantes de contabilidade, mas que também está aberta às contribuições de profissionais e estudantes, quer seja sobre o ESG ou outro assunto ligado às ciências contábeis.