Em um momento decisivo para empresas,
contadores e profissionais da área tributária, o Instituto dos Contadores do
Brasil (ICBR) promoveu o curso “Desafios e Oportunidades na Gestão de Créditos
com a Reforma Tributária”, reunindo especialistas para discutir as mudanças em
curso no sistema tributário brasileiro. Com a presença da advogada e head
de consultoria tributária Michelle Lorenzo e do mestre em Direito Marco Antonio
Santos Vicente, o evento teve como foco os impactos da nova legislação sobre os
créditos tributários acumulados e como os profissionais devem se preparar para
o período de transição.
A
Reforma Tributária, regulamentada pela Lei Complementar nº 214/2025, dará
início à substituição gradual de cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e COFINS)
por três novos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de competência estadual
e municipal; a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência
federal; e o Imposto Seletivo (IS), voltado a bens e serviços considerados
prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
Fase
de Transição: Estratégias Necessárias
O
cronograma de transição inicia-se em 2026, com a cobrança de IBS e CBS em
alíquotas reduzidas. Em 2027, PIS e COFINS serão extintos e a CBS entra em
vigor em sua totalidade. O processo se completa em 2033 com a extinção dos
tributos antigos. Nesse cenário, os créditos acumulados de ICMS, por exemplo,
seguirão regras estaduais até 2032, podendo ser compensados com o novo IBS
somente a partir de 2033 – em até 240 parcelas mensais, ou seja, ao longo de 20
anos.
Com
isso, a homologação antecipada desses créditos torna-se fundamental. “Organizar
a documentação, buscar orientação especializada e acompanhar as decisões do
Comitê Gestor do IBS e das Secretarias da Fazenda estaduais são passos
indispensáveis para garantir a segurança jurídica e a efetiva compensação
desses valores no futuro”, explicou Michelle Lorenzo.
Conhecimento
Técnico e Troca de Experiências
Durante
sua palestra, Michelle destacou que a análise das mudanças foi feita de forma
prática e acessível, voltada a preparar os profissionais para os novos desafios
que já estão surgindo. “Abordamos os fundamentos teóricos e os efeitos diretos
que os créditos acumulados de tributos como ICMS, PIS e COFINS terão sobre os
negócios”, afirmou. Ela também ressaltou a relevância da participação do
público, cujas perguntas enriqueceram o debate. “Foi um evento extremamente
produtivo, com um público muito engajado e atento às transformações do cenário
jurídico.”
Já
o professor Marco Vicente destacou o caráter formativo do evento. “Estamos,
nesse momento, construindo o conhecimento sobre a reforma. Por isso, essas
trocas de ideias e experiências são tão importantes. A contabilidade é uma área
em constante atualização, e eventos como esse garantem que os profissionais se
mantenham preparados e bem informados.”
Vicente
também reforçou a importância da atuação do ICBR na qualificação da classe
contábil. “O Instituto tem feito um trabalho primoroso. Todo lugar onde há
conhecimento é bem-vindo, e a parceria com o ICBR contribui diretamente para o
crescimento e atualização da nossa profissão.”
Pontos
de Atenção Para o Profissional Tributário
· O
evento concluiu com um chamado à ação para todos que atuam com gestão
tributária:
Buscar
a homologação antecipada de créditos acumulados, sobretudo de ICMS.
Manter
acompanhamento contínuo das normativas do Comitê Gestor do IBS e da legislação
estadual.
Consultar
especialistas para adequar a gestão tributária ao novo cenário.
Organizar
e documentar corretamente os créditos existentes, garantindo segurança jurídica
para a compensação futura.
Com
a reforma em andamento e diversas regulamentações ainda pendentes, como as que
definirão a compensação do IBS entre estados e municípios, a preparação e o
conhecimento técnico passam a ser os grandes aliados das empresas e
profissionais da área.
O
curso promovido pelo ICBR reforça o papel fundamental das instituições
educacionais e associativas no desenvolvimento e na capacitação dos
profissionais contábeis e tributários diante da maior transformação fiscal das
últimas décadas no Brasil.